terça-feira, 6 de março de 2012

MODELO - REGISTRO TARDIO DE ÓBITO


EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA  COMARCA DE BRAÇO DO NORTE.










MARIANA DA SILVA ARANTES, brasileira, nacionalidade, profissão, CPF n..., RG n..., residente e domiciliada na  ... e ROBERTA DA SILVA ARANTES , brasileira, nacionalidade, profissão, CPF n..., RG n..., residente e domiciliada na  ..., representadas por suas advogadas (documento incluso), com escritório localizado na..., vem perante Vossa Excelência, requerer:

REGISTRO TARDIO DE ÓBITO

de ANTENOR DA SILVA ARANTES, brasileiro, viúvo, aposentado, CPF nº 215.365.254-45, RG nº 4R 365.258, tendo em vista os seguintes fatos e fundamentos:

DOS FATOS


O senhor Antenor da Silva Arantes, pai das requerentes da presente demanda, faleceu no hospital municipal da cidade de Santa Rosa de Lima no dia 12 de novembro de 2006, às 14:00 horas.
O mesmo foi sepultado no cemitério municipal de Santa Rosa de Lima, mediante uma declaração de óbito expedida pelo médico que o atendeu, Doutor Felisteu da Silva (documento em anexo). Este declarou ser enfarte a causa da morte do senhor Antenor.
O de cujus era viúvo da mãe das requerentes, a senhora Celestina Quércia Arantes, cujo casamento está registrado no cartório de registro civil de Santa Rosa de Lima (certidão 12.364 do livro 18, folha 2).
O único imóvel deixado pelo falecido é um terreno com uma casa de alvenaria, de 240,00 m², local onde residia. A propriedade encontra-se registrada sob a matrícula 12.325 do Cartório de Registro de Imóveis de Santa Rosa de Lima. Entretanto, o extinto não deixou testamento conhecido.
O senhor Antenor era eleitor, portador do título 256.254.365 e possuía o benefício do INSS, registrado sob o nº 45.698.
As requerentes, à época do falecimento, entraram em um avançado estado de choque. Assim, tendo em vista a realização do sepultamento, as interessadas, devido a sua baixa instrução e ao elevado abalo emocional, acreditaram que não havia mais nenhum procedimento a ser realizado. Isto fez com que não providenciassem o registro do óbito no prazo legal, o que vêm à presença de V. Exa. buscar.

DO DIREITO

Tendo em vista que as requerentes não realizaram o registro de óbito do senhor Antenor dentro do prazo legal, estabelecido pelo artigo 78 da lei 6.015 de 1973, a via correta para a presente demanda é o procedimento de jurisdição voluntária.
Segundo Luiz Guilherme Marinoni:

Os “procedimentos especiais de jurisdição voluntária”, por sua vez, não se destinam a viabilizar a solução de conflitos de interesses, mas sim a tratar de situações que, embora não envolvendo conflitos, possuem uma repercussão social tal que levam o Código de Processo Civil a submetê-las à jurisdição. (MARINONI, 2007, p. 145)

                                
Tratando-se da declaração de óbito, são obrigados a fazê-la as pessoas que constam no rol do artigo 79 da lei 6.015 de 1973:

Art. 79. São obrigados a fazer declaração de óbitos
        1°) o chefe de família, a respeito de sua mulher, filhos, hóspedes, agregados e fâmulos;
        2º) a viúva, a respeito de seu marido, e de cada uma das pessoas indicadas no número antecedente;
        3°) o filho, a respeito do pai ou da mãe; o irmão, a respeito dos irmãos e demais pessoas de casa, indicadas no nº 1; o parente mais próximo maior e presente; (...)

Tendo em vista a ordem expressa no artigo acima, as autoras têm legitimidade para propor a presente ação, visto que a esposa do de cujus também já faleceu.
O direito de ação não prescreve, pois se trata de direito indisponível. Além disso, nos termos do artigo 4º, inciso I do Código de Processo Civil:
Art. 4º O interesse do autor pode limitar-se à declaração:
I – da existência ou da inexistência de relação jurídica;

Por isso, mesmo tendo decorrido aproximadamente 5 (cinco) anos da morte do senhor Antenor, as autoras estão exercendo corretamente o direito que lhes pertence.
Fundamentando isso, o jurista Humberto Theodoro Júnior (2007) diz que os direitos indisponíveis “não podem ser renunciados pelo autor”, por exemplo, aqueles “inerentes ao estado das pessoas e os relativos a alimentos, verbi gratia”.
As autoras têm interesse que se providencie o assentamento, visto que há bem a ser inventariado. Ademais, é necessário devolver aos cofres públicos os valores, devidos, em temos de previdência, que continuam sendo depositados devido a não comunicação do óbito ao INSS.
 Demonstrada tal pretensão, deve-se observar o disposto no artigo 109 da lei 6.015 de 1973:

Art. 109. Quem pretender que se restaure, supra ou retifique assentamento no Registro Civil, requererá, em petição fundamentada e instruída com documentos ou com indicação de testemunhas, que o Juiz o ordene, ouvido o órgão do Ministério Público e os interessados, no prazo de cinco dias, que correrá em cartório.


A morte do senhor Antenor é fato certo e indiscutível, conforme prova documental em anexo. Nesse sentido, decidiu recentemente o egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REGISTRO TARDIO DE ÓBITO. INSURGÊNCIA DOS REQUERENTES FRENTE À IMPROCEDÊNCIA DA DEMANDA POR FALTA DE PROVAS DA MORTE DA IRMÃ/CUNHADA. PROVAS DOCUMENTAIS E TESTEMUNHAIS QUE DÃO CONTA DO EVENTO MORTE, BEM COMO DO SEPULTAMENTO NO CEMITÉRIO MUNICIPAL DE SOMBRIO. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (Apelação Cível n. 2009.039990-4, Primeira Câmara de Direito Civil, Relator: Edson Ubaldo, julgado em 20/05/2010).

Quanto ao valor da causa, o Código de Processo Civil dispõe que:

Art. 258 – A toda causa será atribuído um valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediato.

Em relação ao presente caso, porque se requer o registro de óbito do senhor Antenor, é necessário observar o que estabelece o artigo 30 da lei 6.015 de 1973:

Art. 30 – Não serão cobrados emolumentos pelo registro civil de nascimento e pelo assento de óbito, bem como pela primeira certidão respectiva.

Dessa feita, sob os fatos e fundamentos supramencionados, possível é o pedido das autoras.

PEDIDOS

De acordo com o exposto, requer:
a) os benefícios da justiça gratuita por ser economicamente hipossuficiente, conforme declaração anexa;

b) a intimação do ilustre membro do Ministério Público;

c) a procedência do pedido, com a expedição do competente mandado, determinando ao Cartório de Registro Civil que proceda ao registro de óbito nos termos do artigo 80 da lei 6.015/73 (contendo as informações necessárias descritas na planilha em anexo);

d) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos;

Dá-se à causa o valor de R$ 510,00 (quinhentos e dez reais).

Nestes termos,
Pede deferimento.


Tubarão, 04 de Agosto de 2011



________________________________
NOME DO ADVOGADO
OAB/SC
















Rol de dados exigidos no artigo 80 da Lei 6.015:


1º) a hora, se possível, dia, mês e ano do falecimento;
Às 14:00 horas do dia 12 de Novembro de 2066
2º) o lugar do falecimento, com indicação precisa;
Hospital Municipal de Santa Rosa de Lima
3º) o prenome, nome, sexo, idade, cor, estado, profissão, naturalidade, domicílio e residência do morto;
ANTENOR DA SILVA ARANTES; masculino; 84 anos; viúvo; aposentado; natural de Santa Rosa de Lima; residente e domiciliado na Rua das Flores, 84, bairro, Santa Rosa de Lima.
 4º) se era casado, o nome do cônjuge sobrevivente, mesmo quando desquitado; se viúvo, o do cônjuge pré-defunto; e o cartório de casamento em ambos os casos;
Viúvo de Celestina Quércia Arantes; com registro de casamento no cartório de Registro Civil de Santa Rosa de Lima.
5º) os nomes, prenomes, profissão, naturalidade e residência dos pais;
Antero Arantes da Silva e Maria Santina da Silva ambos falecidos
6º) se faleceu com testamento conhecido;
Sem testamento conhecido
7º) se deixou filhos, nome e idade de cada um;
Deixou 02 (duas) filhas: Mariana da Silva Arantes, com 38 (trinta e oito) anos de idade e Roberta da Silva Arantes, com 26 (vinte e seis) anos de idade.
8°) se a morte foi natural ou violenta e a causa conhecida, com o nome dos atestantes;
Faleceu de causas naturais acometido de enfarte, como foi atestado pelo Doutor Felisteu da Silva
9°) lugar do sepultamento;
Cemitério Municipal de Santa Rosa de Lima
10º) se deixou bens e herdeiros menores ou interditos;
Deixou um terreno com casa medindo 240,00 m². Não possuía herdeiros menores.
11°) se era eleitor.
Era eleitor portador do título 256.254.365
12º) pelo menos uma das informações a seguir arroladas: número de inscrição do PIS/PASEP; número de inscrição no Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, se contribuinte individual; número de benefício previdenciário - NB, se a pessoa falecida for titular de qualquer benefício pago pelo INSS; número do CPF; número de registro da Carteira de Identidade e respectivo órgão emissor; número do título de eleitor; número do registro de nascimento, com informação do livro, da folha e do termo; número e série da Carteira de Trabalho
Registrado no INSS sob o nº 45.698.


ROL DE DOCUMENTOS

Procuração
Declaração de Óbito
Certidão de Casamento nº 12.364 do livro 18, fls 2 do Registro Civil de Santa Rosa de Lima
Matrícula nº 12.325 do Registro de Imóveis de Santa Rosa de Lima
Cópia do Título de Eleitor nº 256.254.365










































23 comentários:

  1. Suas petições são excelentes! Obrigado por sua generosidade por compartilha-las.

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    1. É um prazer poder ajudar! Obrigada pelo comentário e fique a vontade para usar e abusar das petições do blog!

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  2. Com certeza o melhor site que existe parabéns!!!!

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  3. Respostas
    1. Muito obrigada Mar Cia, são comentários como o seu que motivam a continuidade do blog.

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  4. Seu modelo foi de muita serventia... serviu de base para a minha petição. Realmente, como disse a Ludy, é muita generosidade sua compartilhar uma material completo assim.
    Obrigado!

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    1. É sempre bom encontrar modelos com conteúdo bacana na internet, eu mesma tenho dificuldade as vezes, assim, acho que se cada um contribuísse com o seu conhecimento, facilitaria bastante aos iniciantes e aos curiosos! hahaha! Forte abraço e obrigada pelo comentário!

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  5. Tirei 10 na faculdade com o seu modelo de Petição. Muito obrigado!

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    1. Parabéns!
      O 10 foi mérito seu, eu só dei o caminho!
      Fiquei muito feliz com o feedback!

      Forte Abraço!

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  6. DOUTORA, OBRIGADO POR ESSA PÉROLA. FOI A "MÃO NA RODA". CONTINUEMOS JUNTOS.

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  7. Tambem quero agradecer por ter um coração tão generoso. Gostaria de fazer uma pergunta: estou preparando os documentos para um processo de partilha e uma das herdeiras (Luzia) morreu há 20 anos, suas filhas tambem morreram. Preciso provar a morte da herdeira Luzia e não tenho o atestado de óbito e nem uma informação sobre ela a não ser o nome completo. Como faço para conseguir o tal atestado? que desafio hem?
    muitissimo obrigado.

    Lázaro C. Bispo - Goiânia-Go

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  8. Excelente petição! Simples, concisa e completa. Um dos melhores modelos que já encontrei na internet. Parabéns!

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  9. De quem seria a legitimidade passiva na demanda?

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    1. Boa tarde, neste caso não há legitimidade passiva, uma vez que trata-se de pedido de registro de documento público. Fica exatamente como se encontra no modelo acima.
      Qualquer dúvida, fico à disposição.
      Obrigada por seu comentário.

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  10. Boa tarde, entrei com processo administrativo solicitando a certidão de óbito tardia do meu tataravô, para fins de obter minha cidadania italiana, o juiz deferiu minha solicitação porém a promotora indeferiu, isso é possível, o que devo fazer agora? Poderia me orientar? Obrigada!

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  11. Clarissa boa tarde. Meu caso é parecido com o da Giana Bardi acima. Minha avó não possui, certidão de nascimento, nem RG tampouco atestado de óbito. Talvez na Arquidiocese de Rio do Sul haja uma certidão de casamento dela e há uma lápide no cemitério, só. Como posso provar que ela existiu? Meu pai já é falecido.

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  12. Por favor Dra, sem querer abusar, seria possível me orientar no valor da causa, para este tipo de registro. grata.

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  13. Bom dia. Minha mãe faleceu em 2008 na época ela convivia com um senhor que eu não tinha quase contacto portanto achei que ele tinha feito o registro de óbito porém a um ano ele faleceu e um parente dele me entregou os documentos de minha mãe aí constatei que ela não tinha registro de óbito, que fazer?

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  14. Olá. Muito obrigado pelo blog. O meu caso é parecido, mas não temos a declaração de óbito. Faleceu em casa. Um vizinho chamou IML e não acho nada de informações. Já procurei em cartórios, cemitérios, Delegacia de Polícia, IML. E nada de informações. O tal vizinho não consigo encontrar. Consigo obter o registro de óbito?

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  15. todos os filhos do falecido precisam figurar o polo ativo dessa ação ou apenas um já basta?

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  16. todos os filhos do falecido precisam figurar o polo ativo dessa ação ou apenas um já basta? a procuração precisa ser assinada por todos eles?

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  17. e se eu não tiver informação nenhuma, por que no caso a pessoa em questão é o meu bisa avo morreu aproximadamente em 1913 e cartório da cidade e redondezas nenhum tem nada

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